Quem sou eu

Eu não sei na verdade quem eu sou, já tentei calcular o meu valor, mas sempre encontro sorriso e o meu paraiso é onde estou. Porque a gente é desse jeito ? criando conceito pra tudo que restou. Palhaço é um homem todo pintado de piadas,céu azul é o telhado do mundo inteiro, sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro. Mas eu não sei na verdade quem eu sou, perguntar da onde veio a vida, por onde entrei... deve haver uma saida e tudo fica sustentado... pela fé na verdade ninguém... sabe oque é. Perceber que a cada minuto tem um olho chorando de alegria e outro chorando de tristeza, tem louco pulando o muro, tem corpo pegando doença, tem gente namorando no escuro e tem gente sentindo ausência. Sei de muitas coisas. Mas não sei quem realmente sou.

Triste ?

Aqui vai uma mensagem que pode te ajudar se for uma pessoa que pensa positivo sobre tudo.

Vamos encarar a tristeza e outras coisas da vida como se fosse um obstáculo que todos temos no caminho da vida, e que esses obstáculos sejam métodos que todos temos para crescermos e evoluirmos.

Confie sempre em Deus e tudo vai da certo !
Velocimetro RJNET

Um comentário:

Rosane Bujes disse...

Sim, acreditar sempre em Deus é o melhor. Obstáculos e barreiras enfrentamos todos os dias. Porém, as coisas ficam diferentes quando podemos lembrar que não estamos sozinhos e, que é preciso acreditar que as coisas estão acontecendo para o nosso bem.

O papel da lua



Lua mãe dos desamparados,
amiga dos aflitos,irmã do sol,
doce e suave..
incomensurável em sua candura.
Entreguei-me em seus braços
E tu, resplandecente
transpassastes, meus desejos
mais secretos...
rompeste,a escuridão sombria e turva
que há séculos habitava meu ser.
Com braços esguios,enlaçaste
o meu espiríto..
que há muito rondava os oráculos
a procura de ti..
Tormento,tentação,
elucidação,devaneios..
Arrebatados em seus seios..
Loucura e perdição.
Teu desejo, não é o desjeo da lua!
Que atua,cultua,
ilumina, afaga
E fascinada roda a roda da vida
E toca nossa valsa..
Amamenta seus filhos, com um doce
mergulho em seus rios..
Caudalosos, reluzentes e luminosos.
Lambe-lhes a pele com língua de fogo
e transmuta todas as incertezas
Em verdades absolutas..
Leva nossos sentimentos as cavernas
calmas e seguras.
E retorna em nós..
Calma, clara, doce
e tranquila...
A lua.

Pilotou para viver e pilotou para morrer

"Ele entrou no avião. Era um velho Boeing 737-400. Hoje em dia não voam mais. Dizem que bebe muita gasolina pra pouco espaço que cobre. Dizem que é lento. Podem até mesmo dizer que é pequeno. Mas é o preferido de 11 em 10 comandantes que já o pilotaram.
Mal ele entrou, inspirou fundo e deixou seus pulmões serem invadidos por aquele cheiro característico de interior de avião, uma mistura de gasolina de avião com ar condicionado desligado. Não perguntem, é esse o cheiro mesmo.
Olhou em volta, as poltronas vazias. Lembrou-se da primeira vez que pilotara o velho 737-400 (ou 734, como é carinhosamente chamado pelos comandantes). Lembrou-se da trepidação das turbinas ao ligá-las, e o frio na barriga que sentiu então. Aquele avião inteiro sob seu comando. Todos confiavam nele. A vida de 120 pessoas em suas mão, dependendo totalmente de seu juizo.

Lentamente andou pelo corredor, por onde outrora passaram carrinhos com bebidas e comidas. Alguns anos mais tarde, passariam por ali também carrinhos com souvenirs, revistas e jornais. Se fechasse os olhos, poderia ouvir e ver passageiros passando por ali, indo ao banheiro, conversando com as famílias. Via as comissárias ("aeromoças", como diziam na época) sorrindo sempre, entregando toalhinhas refrescantes e fones de ouvido aos passageiros.

Chegou à cabine, onde observou demoradamente o painel, com todas as luzes e mostradores tão familiares. Vivera para aquilo a vida inteira.
Sentou-se na poltrona do piloto e fechou os olhos. Agora via o tráfego. Ouvia os controladores que davam instruções às aeronaves que chegavam ou partiam. Sentia a segura presença do co-piloto e engenheiro de navegação ao seu lado. Eles também confiavam nele cegamente.

Com as mãos firmes no manche, pôde sentir o controle absoluto daquele pássaro gigante de ferro e alma. Sim, porque não importa quão avançada é a tecnologia do homem, um objeto daquele tamanho e peso nunca sairia do chão se não possuísse uma alma para voar.

Uma mão pousou no seu ombro.

- Querido, temos que ir.

Era a sua esposa. Estava sorrindo, num misto de pena e tristeza. Sabia o que se passava no interior de seu marido. Ele olhou para ela.

- Me fala, Maria... quantos anos eu tenho?
- Você faz 70 hoje...
- Setenta... sabia que dentro deste avião eu passei 30 anos desses 70?
- Sim...
- Sabe Maria... eu achava que ia morrer voando. Nunca foi o meu medo. Foi a minha vontade. Já na escola de pilotos, todos diziam: "Bom mesmo é morrer voando"... Não é justo morrer em terra.
- Querido...
- Sabe.. acho que nunca ninguém pensou no "depois". Eu não pensava. Só sabia que estava destinado a voar. E nunca tinha parado pra pensar que um dia eu ia ter que parar. Simplesmente um dia eu não ia mais poder entrar num avião destes na qualidade de comandante. Pensava que aquilo ia durar para sempre.
- Não fala assim... nós temos filhos e netos que te adoram...
- Adoram, mas não deveriam. Esta profissão me consumiu. Eu raramente parava em casa, como você se lembra. Sempre daqui pra lá. De lá pra cá. Este é o último 734 operacional no mundo, você sabia?
- Não.. mas já foi sorte terem deixado a gente entrar aqui antes dos outros... daqui a pouco o piloto e os passageiros chegam e nós temos que ir nos sentar lá atrás, junto com os passageiros...
- É... ainda bem que eu conheço o pessoal neste aeroporto, não é verdade? Pude entrar aqui e ver tudo... matar saudades...
Ela sorriu.. não havia nada para dizer.
Ele se levantou e foram se sentar em suas poltronas, enquanto os passageiros entravam e ocupavam seus lugares. Os comissários de bordo iniciavam os serviços, auxiliando as pessoas a encontrarem suas poltronas, ajudando com as bagagens, tirando dúvidas.

Assim que as portas do avião se fecharam, ouviu-se a voz mecânica do comandante.
"Senhores passageiros, muito boa tarde, aqui quem vos fala é o comandante Soares. Gostaria de dar a todos as boas vindas ao vôo 1322 da nossa companhia aérea. Hoje é um vôo especial, pois é o último vôo deste Boeing 737-400 antes de ser substituído pelo novo Boeing 737-800. Temos também conosco neste vôo de despedida o Comandante Loureiro, que voou durante 30 anos somente no Boeing 734, como nós o chamamos. Hoje o Cmdte Loureiro completa setenta anos de idade e seria um grande prazer tê-lo durante o vôo na cabine de comando."

Dito isto, todos os passageiros olharam em volta, procurando o velhinho. Atônito, ele levantou-se e, sob uma enorme quantidade de aplausos, dirigiu-se à cabine.
O comandante recebeu-o com um largo sorriso e sentou-se no lugar do co-piloto.

- Comandante Loureiro, é com enorme prazer que o recebo em minha cabine e entrego em suas mãos o último vôo do nosso querido 734. Eu fico aqui de co-piloto, caso tenha se esquecido de alguma coisa.

Com os olhos marejados e sem articular palavra, ele olhava para o comandante e para o assento do piloto, temendo acordar a qualquer momento.

- Com todo o respeito, - conseguiu finalmente dizer - em momento algum da minha vida eu me esqueci de como isto se faz.
- Não duvido, Comandante Loureiro, não duvido. Sua fama como piloto é legendária, e se não fosse ela, jamais teríamos conseguido permissão da companhia para que o senhor pilotasse. Agora seria bom sentar-se, pois estamos atrasados.

Assim que se sentou, sua expressão modificou-se e os gestos tornaram-se precisos e mecânicos. O avião tornara-se parte do seu corpo. Todos os procedimentos faziam parte de um ritual sagrado que ele interiorizara tão bem quanto o ato de andar, mastigar ou piscar os olhos.
Pelo rádio, pediu autorização para taxiar até a pista. Na resposta, outra surpresa. Ele conhecia aquela voz.

- Antunes? - perguntou tímidamente.

A resposta veio precedida por uma risada.

- Então Loureiro, você acha que é o único velho sortudo que vai ter a oportunidade de se despedir dessa sucata? Em nome de todos os controladores (aposentados e ativos) dou-lhe os parabéns pelo aniversário e desejo um ótimo vôo para o já saudoso 734. Não poderia estar em melhores mãos.

Enxugando rapidamente uma lágrima que teimava rolar pelo canto do olho, ele disse:

- É bom saber que eu não sou o único gagá neste aeroporto. Agora me dá a autorização logo antes que eu fique em último na fila.
- Não se preocupe, parece que todos os comandantes neste aeroporto sabem do evento e se recusam a decolar enquanto não virem a última decolagem do "Loureiro e seu passarinho de estimação"
- Fazia tempo que eu não ouvia essa expressão... bom, então se temos platéia, que o show seja bonito. Taxiando ao ponto de espera da pista 09L...

É difícil descrever o que se passava em seu interior. Ele decolou ao som de palmas dos passageiros e da torre de controle, foi saudado com entusiasmo pelo pessoal do Controle e depois do Centro. Passou pelos 20.000 pés e, quando finalmente nivelou nos 33.000 pés, morreu.

Hoje em dia, quem visitar a sua lápide, pode ler.
"Pilotou para viver e pilotou para morrer"

Cabeça á cabeça

Então ela olhou para ele, sorriu suavemente, e disse “você não é meu dono”.
Ele ficou ali parado, tentando lidar com a devastadora verdade que aquela frase continha. Ele realmente não era dono dela.

- Mas nós… - tentou ele dizer
- Querido - continuou ela - nós somos um conceito. A sociedade é um conceito. Eu sou livre, eu sou mais eu, e eu não preciso de você, nem de ninguém

“…eu preciso de você” - ele pensou.

- Além do mais, olha para mim. Olha para o meu corpo. Olha para a minha vida, minha energia. Você realmente acha que daria conta?

“eu tentaria com todas as minhas forças” - pensou. Mas disse:

- Não. Eu acho que não.
- Pois é, meu caro! Eu gasto energia, eu preciso de energia para me alimentar. Esse negócio de ficar em casa deitada no sofá no seu colo é pra velho! E esse negócio de cozinhar pra você? Cê tá doido? Eu quero é sair. Eu preciso me divertir. Eu quero mais que você.

“você não é meu dono. Você não é meu dono” - a frase repetindo milhares de vezes em sua cabeça deixava-o louco.

- Não me leve a mal! O tempo que nós passamos foi ma-ra-vi-lho-so! Mas já deu. Já foi. Já era. Já num tô mais aqui, saca? Não consegue acompanhar, a gente não pode ficar ensebando mais ainda.

- Mas eu amo v….
- Nem fala isso, por favor! Não estraga! Estamos falando civilizadamente. Chantagem emocional aqui não.

“você não é meu dono você não é meu dono você não é meu dono”

- Que cara é essa?
- Você tem razão, minha cara. Eu não sou seu dono. Ninguém pertence a ninguém, e nós não seríamos a confirmação da regra, não é mesmo? - ele agora sorria assustadoramente.
- S-sim… mas…
- E o futuro a Deus pertence, é ou não é?
- Claro…
- Permita-me discordar.
- ?
- Permita-me refutar o que acabamos de concluir.
- Como assim?
- Vou citar um livro conhecido, chamado “O Pequeno Príncipe”, ou “O Principezinho”, dependendo do país onde você mora.
- Eu já li, mas o que tem a ver o…
- Lá, algures, há uma frase que fala sobre amizade e responsabilidade. Você se lembra?
- N-não..
- Lá diz que você se torna eternamente responsável por aqueles que você cativar. O conceito de responsabilidade, de certa forma, pressupõe alguma posse. Não em termos de ciumes ou autoridade, mas em termos de… responsabilidade. Respeito. Ajuda. Cumplicidade. Companheirismo. Intimidade.
- Claro.
- Então, seguindo nessa lógica, existe uma posse mútua entre duas pessoas que têm este tipo de elo. Tá acompanhando?
- Tô, mas…
- Então eu estou aqui à sua frente dizendo que você me cativou. Você tentou me cativar. Você conseguiu me cativar, e agora você é responsável por mim. Nós temos o elo. Nós temos o laço, e nós estamos unidos.
- Mas é que
- Eu tô pouco me lixando se você quer energia, se você tem energia a mais, ou se você é livre e vai mudar sua cidadania para os estados unidos! Você pertence a mim e eu pertenço a você. Talvez isso não te agrade, talvez agrade. Não importa.

- Você não está sendo coerente.
- Minha querida, eu vou colocar as coisas de forma simples. Você me tem e eu te tenho. Não sou homem de deixar as minhas coisas escaparem pelos meus dedos. Você não vai sair por essa porta sem antes me dar luta feia de argumentos. Eu tenho o amor do meu lado. Quem você chama pro seu time?

- Chega mais pra lá, quero deitar no seu colo e ver TV. Depois você vem comigo até a cozinha que eu quero te fazer aquela lasanha que você adora.
- E depois eu te levo pra dançar e depois a gente passa a noite brincando no quarto.
- Sou sua amor, você sabe né.
- Claro que sim.

História triste com final feliz

Estava vindo para casa. Era à tardinha, final de dezembro, ameaçava chover. Vinha muito distraída, pensando em nada. Foi assim que o encontrei.
Foi numa ruazinha quase sem movimento, já muito próxima à minha casa. Primeiro, ouvi um miadinho. Miadinho de gato pequeno, filhote. Olhei e vi um bichinho listrado e minúsculo, muito magro e que tentava, com dificuldade, subir o pequeno degrau de um jardim. Arrastava uma das patinhas dianteiras, que no momento pensei estar machucada, por isso a dificuldade em transpor aquele pequeno obstáculo. Da janela, a dona da casa o enxotava aos berros.
Quis levá-lo comigo, cuidar dele, dar-lhe de comer. Mas pensei em seguida no meu gato adulto, é provável que ele não fosse gostar da idéia de outro habitante felino. Passei direto. Fui para casa com o coração na mão. A imagem do gatinho não me saía da cabeça. Começou a chover. “Ele não vai muito longe com a patinha daquele jeito, vai se molhar todo e vai morrer de frio... Talvez eu consiga arrumar alguém que possa ficar com ele... e se não arrumar?... Não posso, já tenho um...”
Esses pensamentos passaram por minha mente em pouquíssimo tempo. Por um lado, a memória invocava o sofrimento daquela pobre criaturinha; por outro, o receio de não ter o que fazer depois com o gato...
Peguei o guarda-chuva e voltei. Demorei um pouco para encontrá-lo sob umas tábuas de construção, em um monte de areia, já meio molhado da chuva. Era um bichinho assustadiço e muito pequeno. Estava todo esfolado e, alem da mão que não se mexia, tinha o rabo quebrado. Deve ter sido vítima de muita crueldade.
Trouxe-o para casa. Estava semi-morto de fome e sede. Ele provavelmente não sobreviveria até o dia seguinte.
Mas, se meu coração descansou por um lado (eu provavelmente nunca mais dormiria em paz se não o tivesse trazido), por outro foi o início de um período de extremo estresse mental para mim. Bem, aí está. O gatinho está seguro, seco, alimentado e hidratado. Mas, como eu temia, o Nanquim desencadeou um ódio mortal contra o pequenino, logo à primeira vista. Não suportava sua presença.
Muito angustiada, na mesma noite e durante aquela semana procurei, entre os conhecidos e também por via internet, alguém que pudesse e quisesse adotá-lo. Mas quando alguém se interessava, era só até saber que o gatinho era aleijado, pois, como vim a saber depois que o recolhi, ele não tem sensibilidade na pata dianteira, por isso a arrasta. É provável que tenha se machucado e danificado o tendão. A pata fica o tempo todo dobrada e ele se apóia nas costas da mão para andar. Apesar disso, brinca como qualquer gatinho jovem e está se tornando um gato lindo; depois que passou o medo inicial, se mostrou muito carinhoso e de bom caráter. Hoje ele está lindo, tem o pelo maravilhoso e uma alma muito boa!
Ainda bem que no fim tudo deu certo. Mas, durante aqueles dias, como sofri. O gatinho precisava ficar o tempo todo trancado na minha pequena lavanderia, para sua própria segurança. Acreditei que o Nanquim nunca o aceitaria, era o próprio Caim. Tinha muito ciúmes do pequenino e passou a ter mágoas de mim, era só o listradinho aparecer para o Nanquim me desprezar, não queria nem ficar perto.
Tenho muitos conhecidos veganos. Não comem carne nem consomem ou usam qualquer produto de origem animal. Dizem se preocupar com os animais e lutar pela sua libertação, proteção e bem estar. Bem, recorri a alguns deles para que me ajudassem a encontrar um lar para a pobre criaturinha que eu trouxe para casa. Claro, sei que a maioria das pessoas não tem condições de ficar com um bichinho desses, até porque normalmente quem gosta de gatos já tem a casa cheia deles. Mas pensei que se houvesse um apoio dessas pessoas, no sentido de divulgação do problema, acabaríamos encontrando alguém de alma boa e em condições de adotá-lo. E fiquei muito surpresa e decepcionada com a recepção de meus pedidos de ajuda, pois esses mesmas pessoas que erguem a bandeira e vestem o rótulo de preocupados com o bem estar e amantes dos animais, não foram capazes sequer de levar a sério meu problema! Nenhum deles, nenhum! Me olhavam com indiferença ou até com gozação. Fiquei muito decepcionada. Lembro-me de uma dessas pessoas que fez uma baita brincadeira de mau-gosto: “Pode me dar, meu pitt-bull vai adorar brincar com ele!” (??!!). Não achei graça. Meu problema era sério. E foi essa parte da história que me levou a reflexões sobre a natureza das pessoas. De como as pessoas têm uma necessidade de se enquadrar em um grupo social, uma ideologia para ditar regras, mesmo que não acreditem realmente de coração naquilo que dizem seguir. É mais fácil dizer “eu pertenço a tal grupo e sigo determinada ideologia”, do que raciocinar por conta própria formando um pensamento coerente e individual. Pensar é difícil, se conhecer é difícil, mais fácil é ter algumas regrinhas a seguir, mesmo que nunca se pense realmente sobre o assunto...
Engraçado é que as pessoas não-veganas com quem conversei, as que nunca se disseram amantes de animais, as que adoram um churrasquinho, foram as que se sensibilizaram mais e me deram maior apoio. Foram as que, depois de um tempo, mostraram preocupação e interesse em saber como estava o gatinho e o que havia sido feito dele. Os meus amigos veganos nunca mais tocaram no assunto, e sei que nem por um momento procuraram me ajudar (ou melhor, ajudar o bichinho) divulgando a história entre seus conhecidos. Confesso que fiquei magoada com isso.
Ao mesmo tempo, como curiosa que sou sobre o comportamento humano, achei interessante observar suas reações, e sempre que encontrava algum conhecido vegano, relatava a história, agora mais para ver como seria sua reação do que por esperança de obter ajuda. E as reações foram sempre de indiferença.
Mas deixarei essas ponderações, sobre comportamento e natureza humana, para o próximo texto. Quero antes terminar este, contando pra vocês o que por fim se sucedeu ao bichano, pois acredito que quem tenha chegado até aqui em meu relato, certamente esteja curioso em saber o fim da história. Eu disse que o final era feliz, e foi. Bem, pelo menos até agora, pois estando o gatinho ainda vivo, certamente não posso dizer que chegou ao fim...
Ele está comigo até hoje, cresceu e ficou lindo, é muito carinhoso e um dos gatos de alminha mais boa que já conheci. Quanto ao Nanquim, bem... depois de uns dois meses de muito estresse e sofrimento, acabou por se acostumar e até começou a ver nele um amigo para brincadeiras. Mas até hoje não posso sair e deixá-los juntos, só brincam sob as minhas vistas, pois o Nanquim às vezes apela e ainda tenta machucá-lo. Quando não estou em casa ele volta pra lavanderia, mas ainda assim acredito que seja melhor pra ele do que se houvesse ficado na rua, onde teria morrido vagarosamente e com muito sofrimento. No fim, achei bom que tenha ficado em minha casa, pois, além de ter adquirido grande amor por ele, sei que a maioria das pessoas não teria os cuidados e atenção necessários com a patinha aleijada, que requer, para sempre, cuidados especiais.
Espero ainda que um dia se acostumem completamente, e que o Nanquim aceite o Cisco (pois é assim que se chama o listradinho), de todo o coração, para que possam realmente se fazer companhia...